Um encontro realizado na última quarta-feira, dia 9, em Arvorezinha, teve o objetivo de debater a produção agroecológica de alimentos, com ênfase na produção de morango e sementes de alho crioulo. O evento – organizado pela Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT) e pela Emater/RS-Ascar – reuniu produtores, extensionistas, representantes de prefeituras e alunos de instituições de ensino da região. Na ocasião houve palestra sobre princípios da agroecologia, com o Engenheiro Agrônomo da Emater/RS-Ascar, Ivan Bonjorno. Em seguida, os participantes foram levados à campo para ouvir o relato de agricultores de duas propriedades rurais que estão instituindo a produção agroecológica de morango e alho crioulo.
O encontro estabelece diálogo com o Programa Agricultura de Base Ecológica, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR/RS), operacionalizado pela Emater/RS-Ascar. O Programa busca estimular as formas de agriculturas baseadas nos princípios da agroecologia e o apoio ao processo massivo de transição agroecológica. Também visa a fortalecer estilos de agriculturas sustentáveis compatíveis com as especificidades dos diferentes agroecossistemas e os sistemas culturais das pessoas que as praticam.
Presente ao evento, o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Luiz Bernardi, valorizou o encontro pela possibilidade de reunir pessoas interessadas em produzir alimentos sadios. “O Brasil detém hoje o título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo, cabendo a todos nós a responsabilidade de modificar esse quadro”, enfatizou. Em sua fala, citou também a Chamada Pública da Sustentabilidade, operacionalizada pela Emater/RS-Ascar em diversos municípios do estado, entre eles Progresso, Putinga, Anta Gorda e Arvorezinha no Vale do Taquari. “Hoje, é importante que o agricultor saiba que as práticas agroecológicas não são tão complexas como se pensa”, salientou.
Na parte da tarde houve reunião da AAVT com o tema “Desafios para a ampliação e consolidação da agroecologia no Vale do Taquari”.
Relato de experiências
A primeira visita da manhã foi à propriedade de Vandro da Silva e Mariana Scheffer, da localidade de Cândido Brum. Em seu relato, Silva afirmou que a produção orgânica era um sonho de infância, que começou a ser realizado há cerca de um ano com a instalação de uma horta de morangos da variedade camarosa. “Sempre quis produzir alimentos saudáveis e diferenciados, mas achava que era complicado”, disse. Para Silva muito gente acha que o morango sem agrotóxico é feio ou murcho, sendo, de acordo com ele, exatamente o contrário. “É até engraçado, já que muitos gostariam de comprar morangos menores do que os que ofereço”, sorri.
Ainda é cedo para projetar os resultados de vendas, mas a expectativa da família é de que os cerca de 500 pés rendam aproximadamente 500 quilos de morangos, sendo cada quilo vendido por R$ 14. “Não estamos dando conta de atender a demanda. Ainda mais com a entrega para a alimentação escolar (por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar)” lembra Mariana. A expectativa da família é ampliar a produção para os próximos anos. Em outra propriedade, o produtor Nestor Pompermayer, da localidade de Linha São Lourenço, fez o seu relato. Para o produtor, o modelo tem diversas vantagens, entre elas o fato de a produção ser mais barata, menos trabalhosa e mais fácil no sentido de controlar pragas e doenças da fruta. Com 1,5 mil pés, vende toda a produção para o comércio local.
Controle de pragas
Um dos temas que mais preocupa os agricultores quando o assunto é a produção agroecológica é o controle de pragas. Por meio do trabalho realizado pela equipe da Emater/RS-Ascar de Arvorezinha – composta pelos extensionistas rurais Ivan Bonjorno, Júlio Marcon e Cleber Schuster – os produtores são instruídos a utilizar biofertilizantes naturais que podem proteger as plantas de insetos e outras pragas. “Uma mistura simples de água com leite, ou mesmo o chá de cavalinha, podem ser métodos importantes para a proteção das folhas” afirmam.
Para Bonjorno, a saúde do solo, com a manutenção da matéria orgânica e do adubo verde contribuem para nutrição das plantas. A consorciação de culturas também fortalece o sistema. “No caso, ambos os produtores também plantam adubação verde e tem ao redor da horta de morangos faixas de biodiversidade, o que contribui para a qualidade biológica do solo e para e equilíbrio do agroecossistema”.