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Cenários econômicos e perspectivas para a economia pautam reunião almoço da Cacis

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Palestrante foi André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi

A Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio (Cacis) de Estrela realizou na sexta-feira, dia 14 de abril, a sua segunda reunião-almoço do ano. E o convidado para o tradicional evento da entidade foi o economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes. O evento foi alusivo à campanha do Dia Nacional do Associativismo, comemorado no dia 30 de abril.

O palestrante abordou o tema “Cenários econômicos e perspectivas para a economia”, apresentando as projeções para os principais indicadores da economia internacional e brasileira. Em torno de 110 pessoas participaram do encontro, que ocorreu junto ao Estrela Palace Hotel.

O presidente da Cacis, Gerson Strehl, enalteceu a importância do associativismo. “O associativismo é a união de esforços em prol de algo comum, é o sentimento de família unida, tendo o foco de direção coletiva, fomentando o desenvolvimento de um município ou de uma região. É uma das principais formas de ter voz ativa e ter representatividade. Quando unimos forças, crescemos juntos, temos forças para resolver demandas em comum, fazemos a diferença na comunidade em que atuamos”, afirmou.

O economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes, a partir do tema “Cenários econômicos e perspectivas para a economia”, iniciou sua palestra apresentando o cenário internacional, observando que a inflação permanece elevada nas economias avançadas. “O núcleo de inflação nos Estados Unidos permanece elevado. Mercado de trabalho forte sugere que a atividade deve precisar desacelerar para a inflação arrefecer. Já na Zona do Euro a inflação cai lentamente puxada por preços de energia. Enquanto isso, núcleo acelera, apesar de já haver sinais de fraqueza na atividade”, pontuou.

Nesta linha, Nunes colocou que a taxa de juros nos Estados Unidos pode atingir o maior patamar em 16 anos. “Atualmente, as previsões são de pouso suave da economia americana. Porém, a elevação da taxa de juros tem, historicamente, sido acompanhada por períodos de recessão. Em geral, as recessões começam após vários meses de juros elevados”, ressaltou.

O economista pontuou que o aumento das taxas de juros já produzem efeitos em mercados e empresas mais frágeis. Da mesma forma colocou que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia sem desfecho é uma constante fonte de risco, uma vez que o mesmo está demorando mais que o previsto e tem causado um desgaste das lideranças políticas da Rússia, Estados Unidos, China e União Europeia.

Nunes salientou que o cenário externo está mais desfavorável para o Brasil, tendo em vista que os preços de commodities estão perdendo força, há menor demanda por exportações e menor apetite ao risco, o dólar está valorizado e o risco é de recessão. “A boa notícia é que este cenário global ajuda na desinflação no Brasil”, afirmou.

Para o economista, essa melhora possibilitou forte queda no desemprego. Contudo, não se espera que esse cenário se mantenha em 2023. “A massa de rendimentos deverá crescer mais devagar, o que terá impacto sobre o consumo das famílias. Mesmo com expectativa de desaceleração, o mercado de trabalho ainda deverá ser um vetor positivo para o crescimento em 2023”, expôs.

E neste cenário nacional, Nunes observou que o varejo mostra resiliência, mas devem desacelerar à frente; queda na produção e venda de veículos em janeiro e fevereiro; endividamento das famílias mantém-se em patamar elevado; inadimplência do crédito livre segue em elevação e carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional desacelera.

Ele acrescentou que a recuperação pós-pandemia foi intensa, mas a perspectiva é de desaceleração da atividade. “Para 2023, projetamos desaceleração devido ao esgotamento do efeito vacinação, situação das famílias desfavorável, desaceleração global e desvalorização de commodities, além da taxa Selic ainda muito elevada”, ressaltou.

No que se refere a taxas e juros, Nunes expôs que o processo de desinflação está sendo mais lento que o esperado e a taxa Selic permanece elevada por mais tempo. Ele colocou que o início do ciclo de queda na taxa Selic encontra alguns obstáculos no cenário prospectivo no âmbito internacional (núcleos de inflação muito acima das metas e taxas de juros em elevação), no âmbito doméstico (arcabouço fiscal sem texto legal, indicação de novos diretores para o Banco Central e indefinições sobre a meta) e no âmbito das expectativas (as expectativas para a inflação para os próximos anos permanecem muito distantes da meta).

O atual contexto político, conforme observou o palestrante, também tem impactos no cenário econômico. “O arcabouço fiscal apresentado pelo governo precisará de um forte esforço de resultado primário, o qual o governo já sinalizou que virá através do aumento da arrecadação impostos. O governo aponta que focará nas chamadas distorções tributárias, como isenções e incentivos, regimes especiais, tributação de outras atividades, dentre elas as apostas eletrônicas. No entanto, todas essas medidas são de difícil implementação, pois tocam em temas sensíveis para grupos organizados e devem enfrentar forte oposição do congresso. O ponto positivo é que essas medidas podem ter um menor impacto sobre a inflação e crescimento econômico”, analisou.

Em suas considerações finais, o economista-chefe do Sicredi pontuou que o arcabouço fiscal ainda carece de um texto com maiores detalhamentos e pode ser alterado pelo Congresso; a aprovação do novo arcabouço fiscal será o primeiro teste do Governo Lula com o Congresso em uma pauta de elevada importância e visibilidade; a condução da política fiscal e as futuras indicações para o Banco Central são fontes de incerteza para o mercado, e tem mantido as expectativas de inflação elevadas.

Por fim, Nunes ressaltou que o Brasil está entrando em uma fase de desaceleração cíclica, por conta da necessidade de taxas de juros mais elevadas para controlar a inflação. “Na comparação com os demais emergentes, o Brasil está melhor no relativo, por conta da sua crescente oferta de commodities, estabilidade geopolítica e elevada utilização de energia limpa. Existe ainda uma grande incerteza de qual o plano para o crescimento de longo prazo para o Brasil e como enfrentará os gargalos que travam a competitividade e produtividade. Esse será o principal desafio do novo governo”, finalizou.

A Reunião Almoço foi uma realização da Cacis Estrela, com apoio da CIC Vale do Taquari. O patrocínio foi de Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Sicredi Ouro Branco, Brasilata, CDL Porto Alegre, Gardel Imóveis, Nexsul Conectividade, SOS Bebidas, Launer Química, Dinna, Run More, Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo, Casa Americana, Impress Comunicação Visual e Grupo A Hora.

Assessoria de imprensa Cacis Estrela

CIC Vale do Taquari

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