O Governo do Estado promete agilizar os estudos para asfaltamento do trecho de 7,8 quilômetros da ERS-129. Em março, a Superintendência Regional do Daer se reúne com líderes comunitários e empresários interessados na conclusão do investimento. Obra deve custar em torno de R$ 6 milhões.
Em dezembro passado, a Administração Municipal de Roca Sales entregou estudo de viabilidade da obra para a diretoria de Gestão e Projetos do Daer. O mesmo projeto já havia sido protocolado no departamento em maio do ano passado. Na época, a promessa era realizar uma visita técnica na semana seguinte. Isso não ocorreu.
Conforme a assessoria, o Daer não pretende utilizar o projeto encaminhado pelo Executivo, e sim um estudo finalizado há pelo menos quatro anos pela equipe da autarquia. Para as próximas semanas, o departamento anuncia visita da Superintendência de Estudos e Projetos para verificar a possibilidade de reaproveitar a proposta antiga.
De acordo com o superintendente regional do Daer, Hildo Mourão, a intenção é concretizar a obra ainda em 2014. “Em março vamos agilizar os encontros e reuniões. A possibilidade de ocorrer este ano é grande.” Hoje, em média, 500 veículos transitam por dia naquele trecho da rodovia. A maioria busca escapar do pedágio cobrado pela EGR na ERS-130.
A obra de pavimentação é reivindicada pelas comunidades há mais de 40 anos. O trecho servirá como rota alternativa à ERS-130, além de interligar as regiões alta e baixa do Vale do Taquari. O encurtamento com a Serra Gaúcha e as possibilidades de incrementar o turismo também são melhorias previstas com a obra.
Benefícios econômicos
A estrada que liga os municípios de Colinas e Roca Sales possui cerca de 20 quilômetros de extensão. Apenas 7,8 ainda aguardam pavimentação com asfalto. Conforme o Daer, o custo da obra é próximo R$ 6 milhões. Ao longo do trecho, estão instalados um abatedouro de peixes, duas empresas de cerâmicas e diversas residências.
Propriedades rurais instaladas no trecho são responsáveis por uma produção estimada em mais de um milhão de aves por lote. Há também produção de leite e outros alimentos. A movimentação de caminhões é constante. Frigoríficos utilizam a estrada de chão para levar produtos à Serra.
Conforme estimativa, cerca de 20% dos nove mil alunos da Univates são provenientes da parte alta do Vale do Taquari. Todos poderiam encurtar a distância até a universidade usando a estrada. Hoje, alguns ônibus já optaram pela economia do itinerário.
Protesto
A espera pela pavimentação perdura há mais de 40 anos. Morando às margens da rodovia, Valdemar Lisboa garante. “Se não tiver asfalto, aqui não vai ter voto pra ninguém.” O mesmo recado foi exposto em frente à residência. Uma placa dá o recado. “Sem asfalto, sem voto”. Há pelo menos outras três semelhantes nos 7,8 quilômetros de chão batido.
O aposentado perdeu as contas de quanto gastou com a manutenção do veículo, constantemente afetado pelas más condições da rodovia. Sem solução prevista, optou por comprar um Fusca para utilizar no dia a dia. O carro novo ele só tira da garagem para sair aos fins de semana com a família. “Colocar meu carro novo nessa buraqueira é estupidez.”
No trecho sem asfalto, a maioria das casas permanece com portas e janelas fechadas durante todo o dia. A poeira levantada pelos veículos que trafegam – na grande maioria das vezes – acima da velocidade permitida é constante. “Não dá pra aguentar”, resume Lisboa.