Encantado foi palco de um debate essencial para o futuro do trabalho e da indústria brasileira: a escassez de mão de obra qualificada. A palestra “Apagão da mão de obra: causas, consequências e ações mitigadoras” foi conduzida por Susana Kakuta, Diretora Geral do SESI-RS, SENAI-RS e IEL-RS, e reuniu mais de 40 participantes. O evento foi promovido pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari , Associação Comercial Industrial de Encantado- ACIE Encantado e Sistema FIERGS.
Durante sua apresentação, Susana destacou que o cenário atual de escassez de profissionais qualificados é consequência direta de anos de negligência com a educação. “O que estamos vivendo agora é fruto do descaso em educação, e nós só vamos conseguir ter um país desenvolvido com educação”, afirmou.
Ela apresentou dados que mostram, por exemplo, que 75% dos empregadores brasileiros têm dificuldade em preencher vagas, e que 38,5% dos trabalhadores estão na informalidade. No Rio Grande do Sul, o quadro se agrava com o envelhecimento da população e a evasão de cerca de 700 mil pessoas do estado entre 2000 e 2022. Além disso, 43% dos jovens entre 14 e 24 anos demonstram pouco ou nenhum interesse por cursos técnicos profissionalizantes – um dado preocupante para a indústria.
Susana também apontou as consequências da falta de mão de obra, como o adiamento ou cancelamento de investimentos por 48% das empresas gaúchas, segundo pesquisa da FIERGS. Para enfrentar esses desafios, ela apresentou iniciativas como o Programa Indústria de Talentos, as unidades móveis de qualificação e o fortalecimento da aprendizagem industrial.
O presidente da CIC VT, Ângelo Fontana, ressaltou a urgência do tema: “Esse tema é bastante latente nas entidades, nas indústrias. Estamos com muitas dificuldades de suprir, principalmente na nossa região que foi atingida pelas cheias. Há muita oferta de trabalho, e não estamos conseguindo atender. Existe até uma ‘guerra entre empresas’, uma tirando empregados da outra. É um tema de governo, de toda a cadeia produtiva. Por mais que automatizemos os processos, o ser humano nunca vai ser substituído.”
O evento reforçou a necessidade de articulação entre governo, setor privado e instituições de ensino para buscar soluções estruturais e sustentáveis para o futuro do trabalho.




