Ilópolis – O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, e o presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), Alfeu Strapasson, firmaram um convênio de cooperação mútua, na quarta-feira, dia 15. O documento tem a finalidade de formalizar o gerenciamento de recursos aplicados para o desenvolvimento de ações em prol da cadeia produtiva da erva-mate. O governo fará a arrecadação de recursos pagos pelos ervateiros, de acordo com o número de toneladas processados, e repassará o valor ao Fundomate, que será o gerenciador dos valores. O fundo, por sua vez, fará o repassa ao Ibramate.
Para que o instituto possa iniciar seus trabalhos ainda este ano, o Governo do Estado repassou R$ 500 mil, além de ceder um veículo para que o Ibramate possa desenvolver os projetos. Para Strapasson, a assinatura do convênio é mais do que um processo de formalização, e sim representa um grande avanço para a cadeia. “Estamos caminhando bem. Criados o Ibramate no início do ano e em um curto espaço de tempo já obtivemos várias conquistas”, afirma. O presidente ressalta que a cadeia não está desenvolvendo nada de novo. “Apenas estamos fazendo o que alguns setores organizados da economia já fizeram, estamos nos espelhando e tendo apoio de cadeias organizadas, e com isso estamos evoluindo rapidamente. Além disso, não podemos esquecer que quando falamos em erva-mate estamos nos referindo à árvore símbolo do Rio Grande do Sul, que tem relevância cultural e econômica. Atividade que ajuda a manter o produtor na propriedade, por isso é preciso ter consciência que devemos preservar produzindo, e produzir preservando”, destaca.
O prefeito de Ilópolis, Olmir Rossi, agradeceu a atenção do secretário em estar no município e apoiando a erva-mate. “Somos um município que sempre acreditou no potencial da cultura, jamais deixamos de cultivar a apoiar o surgimento de novos ervais. Não é a toa que somos, ao lado de Arvorezinha, o maior produtor do estado. Temos história, cultura, tradição, e hoje vivemos o melhor momento da atividade. Ter o Ibramate instalado aqui não significa que ele seja de Ilópolis, e sim é de todo o Brasil”, salienta.
Câmara Setorial
Além da assinatura do convênio, o encontro contou com a reunião da Câmara Setorial da Erva-Mate, que reuniu os cinco polos do estado, autoridades, técnicos, produtores e empresários. Na ocasião, o grupo discutiu a regulamentação e institucionalização do Fundomate, a reorganização dos planos ervateiros, a realização de seminários da erva-mate, a qualidade dos viveiros, a fiscalização e os gargalos da cadeia produtiva.
Entrevista
Após o evento, o secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, falou sobre a cadeia produtiva e os investimentos que o estado pretende realizar no setor.
Qual a importância da assinatura do convênio para a cadeia produtiva?
Luiz Fernando Mainardi: Oficializamos a relação do Estado com o Ibramate e queremos que essa relação seja construtiva. É importante que haja um polo que posso ser independente, que não dependa da vontade de segundos, e o Ibramate é assim, um instituto que promove a cadeia da erva-mate, no sentido de garantir que se tenha mais produção no estado e que viabilize mais renda. Com isso, estamos consolidando a relação, por meio de apoio e do repasse de recursos e do veículo.
O senhor manifestou a importância do RS exportar erva-mate para a China, tendo em visto que o país é um consumidor em potencial. Há alguma ação para viabilizar a ideia?
Luiz Fernando Mainardi: As políticas de governo são transitórias, um governo pode ter interesse em promover a erva-mate, mas não há garantia que o próximo tenha, por isso é necessário que haja políticas permanentes, que sejam feitas pela cadeia produtiva e que não dependa do estado, sendo autônoma, como no caso do Ibramate. Precisamos promover a erva-mate, mostrar suas qualidades, para que as pessoas saibam que irão consumir um produto que é nosso e que é limpo. Não podemos ficar limitados ao Brasil, temos que vender para fora. A China é um grande consumidor de chás, por que não consumir erva-mate? Em novembro, o governador montará uma comitiva estadual para visitar os chineses e discutir a exportação de nossos produtos. Queremos que eles invistam aqui, e não que comprem apenas a nossa soja. Por isso lancei o desafio para que o Ibramate faça parte desta comitiva.
Há um pedido forte para que a erva-mate volte a ser incluída na cesta básica. Como o senhor avalia essa medida?
Luiz Fernando Mainardi: É muito importante, por isso vamos trabalha internamente para provarmos a viabilidade dessa inclusão. A partir do ano que vem, com o trabalho dos órgãos competentes, vamos conseguir trazer muitas empresas para formalidade e aumentar o consumo do produto. Com tudo isso, acredito que as receitas que abrirmos mão serão recompensadas em impostos indiretos. A erva-mate tem total condição de compor a cesta básica, além de espaço para que a produção cresça. Muitos falam da erva-mate como alimento, e é um tema que precisamos trabalhar fortemente, mostrando que há característica de alimento sim. Mas ela também pode ser um remédio, pois tem propriedades medicinais, é tranquilizante, diurética e tem diversas propriedades que precisamos divulgar, bem como os benefícios para a saúde.