PcD’s são bem-vindos na Languiru, que oportuniza vagas de emprego, acompanhamento, acessibilidade e treinamentos
Agosto e setembro são meses que marcam a luta de pessoas com deficiência por mais visibilidade e inclusão, reforçando que não existem barreiras que a mente humana não possa transpassar. De 21 a 28 de agosto acontece a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla; e o dia 21 de setembro é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.
Desde 1991 o Brasil possui lei que define que empresas com 100 ou mais funcionários devem ter de 2% a 5% de suas vagas preenchidas por pessoas com deficiência. Mas, para a Languiru, a inclusão vai além de apenas cumprir cotas, prospectando e divulgando que pessoas com deficiência são bem-vindas em todas as oportunidades. “A luta pela inserção e inclusão plena no mercado de trabalho é constante, e retrata a intensa busca não somente pela igualdade, e sim pela equidade, provendo autonomia e impactos no bem-estar e autoestima pessoal”, destaca a formanda em Psicologia do Setor de Recursos Humanos da Cooperativa, Leilaini Rodrigues.
Respeito à diversidade no dia a dia
A contratação de PcD’s na Cooperativa já ocorria antes mesmo da Lei de Cotas, intensificando-se com a promulgação da mesma, principalmente a partir de 2010. Diante da importância da inclusão, além de contratar pessoas com deficiência, a Languiru busca, também, realizar trabalhos que reforcem essas ações, com acompanhamento e treinamentos de sensibilização no ambiente de trabalho, despertando o respeito à diversidade e melhorias de acessibilidade.
Além disso, a Cooperativa mantém e prospecta anualmente para formação de turmas que abrangem o Programa de Aprendizagem Profissional para Pessoas com Deficiência Intelectual, uma parceria entre Languiru, Sescoop/RS e Colégio Teutônia.
Duas décadas de história
Há mais de 20 anos, Moacir Von Mühlen (40) vive essa realidade ao lado da Cooperativa. Um problema renal lhe trouxe sequelas, mas ainda adolescente, recebeu a oportunidade na Languiru. Desde 1999 atua no Frigorífico de Aves, em Westfália, trabalhando hoje no Setor de Qualidade, nas barreiras sanitárias. A vaga surgiu por meio da Apae, que realizava o encaminhamento de inclusão junto às empresas.
“No começo não foi fácil, porque eu não tinha esse convívio com pessoas diferentes, só com a Apae”, recorda. Os desafios foram superados e hoje ele convive bem com os colegas. “Sinto-me muito bem, tem bastante conhecimento, convívio com outras pessoas. Deu certo porque eles me ‘encaixaram’ aqui”, avalia, destacando que a relação com todos é muito boa. “Não tenho problemas com ninguém”.
Nessas mais de duas décadas ele acompanhou a evolução da unidade industrial. “Quando eu comecei, eu montava as caixinhas e era tudo feito à mão. Hoje, para tudo têm máquinas”, relata.
Ele confessa que, por vezes, pensou em desistir, mas ter emprego e a rotina do dia a dia o motivaram a continuar. Hoje, faltam apenas dois anos para se aposentar. “Eu sei como foi ótimo para mim. No serviço é diferente do que na Apae, mas é bom”, finaliza, valorizando a oportunidade.
A primeira oportunidade
Para Nicole Beatriz Stertz (17), a oportunidade na Languiru foi a primeira experiência profissional. Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista, iniciou na Cooperativa em 2020, como aprendiz (na época ainda não tinha esse diagnóstico).
Seus pais já eram funcionários da Languiru e ela viu aqui a oportunidade de iniciar a carreira, embora achasse que não seria efetivada ao término do Aprendiz. Após o diagnóstico, Nicole foi orientada a deixar o currículo e um laudo na Cooperativa, para quando surgisse uma oportunidade posterior. Uma semana depois, foi chamada e contratada.
Ela trabalha no Setor de Faturamento do Frigorífico de Aves, em Westfália. “Sinto-me feliz, gosto do meu trabalho”, conta. A jovem avalia que o emprego é importante, pois o salário ajuda na renda familiar e representa mais liberdade financeira. “Já posso economizar para minha faculdade, comprar minhas coisas, não depender tanto dos meus pais”, comenta Nicole, que trabalha na Cooperativa durante o dia e, à noite, estuda.
Ela destaca que a oportunidade é significativa pois, mesmo que sua síndrome seja mais leve, muitas empresas não contratam funcionários nessa condição. Aponta ainda que a Languiru oferece inúmeros benefícios, sendo um deles o plano de saúde, importante para que realize seus acompanhamentos e consultas médicas. “Particular, uma consulta com psicólogo, que nem é especializado, saía por mais de R$ 100. Hoje, com um profissional especializado, pago R$ 40”, conclui.