A Fundação Gaúcha de Economia e Estatística (FEE) divulgou na última quarta-feira, dia 10, as estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios do Rio Grande do Sul referentes ao ano de 2012.
O levantamento aponta crescimento nos índices da região, que representa 3,43% do total do Estado. Apesar da melhora ainda está distante do desempenho do início dos anos 2000, quando o Vale chegou a produzir 4% da riqueza gaúcha.
Voltar aos patamares alcançados na década passada é um dos objetivos das entidades representativas. De acordo com o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços regional (CIC-VT), Ito Lanius, o avanço não pode arrefecer a busca por investimentos.
“Não podemos admitir a perda de um espaço que já foi nosso”, reforça. Para Lanius, o aporte de recursos federais deu vantagens a outras regiões do Estado. Cita o exemplo da metade sul, em que o investimento no Polo Naval de Rio Grande foi o grande indutor do crescimento econômico.
Presidente do Conselho de Desenvolvimento do vale do Taquari (Codevat), a economista Cíntia Agostini credita o crescimento à soma de iniciativas próprias da região com políticas macroeconômicas de indução ao consumo. “Não tivemos grandes projetos públicos voltados para o Vale.”
O espaço cada vez maior ocupado pelas cooperativas ajuda a explicar a melhoria nos índices. “Elas têm um vínculo com a região, coisa que não acontece com empresas de grandes conglomerados privados internacionais”, ressalta. Desta forma, a riqueza produzida retorna para o Vale, beneficiando o panorama socieconômico local.
Caminhos para o crescimento
A geração de energia é um dos impulsores do PIB estadual. Conforme o presidente da CIC regional, uma das metas para aumentar a participação do Vale na composição do índice é a autossuficiência energética.
Segundo Lanius, para que isso aconteça é necessário destravar questões burocráticas que impedem a construção de usinas hidrelétricas. “Temos problemas para obter licenças ambientais.”
Para ele, o investimento federal no setor reflete no PIB. “Um exemplo são os recursos empregados na geração de energia eólica no litoral.”
Outra iniciativa é a qualificação dos setores produtivas, que começa a se tornar realidade a partir da criação do Parque Científico e Tecnológico da Univates (Tecnovates), diz Lanius.
Volatado para pesquisa e desenvolvimento de produtos no setor de alimentos, a iniciativa busca inovar a matriz produtiva. Conforme Lanius, apesar de representar 17% do PIB da região, o setor primário é o responsável pelo desenvolvimento de toda a cadeia do Vale, impulsionando o crescimento de indústrias e serviços.
Tamanho limita crescimento
O Vale do Taquari é a 8ª economia do Estado. Porém a área reduzida, equivalente a 1,7% do total, e a população pequena são fatores limitantes. De acordo com o presidente do Codevat, isso impede comparações com regiões que lideram o índice no Estado. “Com 330 mil habitantes, a capacidade para abrigar grandes empresas é menor em comparação à Serra, onde vivem quase 900 mil”, frisa Cíntia.
A economista lembra que a queda recente no PIB do Vale, que ficou abaixo de 3% na virada da década, foi causada por mudanças no padrão produtivo. “Tivemos uma redução significativa no setor calçadista e mudanças em grandes empresas da região”, lembra. A estiagem enfrentada em 2005 e 2006 também foi decisiva para os resultados.