Secretários de Agricultura, produtores e membros de entidades e movimentos ligados à cadeia produtiva da erva-mate participaram, recentemente, da “Oficina para construção da sustentabilidade da cadeia da erva-mate e da araucária como estratégia de conservação da Mata Atlântica e de desenvolvimento regional na região do alto do Vale do Taquari”. A atividade foi organizada pelo Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Na abertura, o vice-prefeito, Fábio Zerbielli, falou da preocupação que o município tem com as ações que promovam a sustentabilidade, destacando o valor pago, atualmente, pela arroba de erva-mate.
“Hoje o preço está ótimo para o produtor, mas não podemos esquecer que o mercado tem seus altos e baixos. Por isso, é fundamental pensarmos em uma produção que agregue valor, como a erva-mate orgânica. É um produto diferenciado, sem uso de agrotóxico, e com maior valor de mercado”, afirma. Os trabalhos foram conduzidos pelo engenheiro florestal da Biosfera, Marcelo Mendes do Amaral, que apresentou as ações que o Instituto desenvolve na busca pela preservação dos recursos naturais e da promoção de culturas nativas, como a araucária, na produção de pinhão, e erva-mate orgânica.
“A preocupação é com a produção, a preservação e conservação destas espécies. Hoje, a floresta de araucária reduziu em 3% e ela só se mantem por causa do pinhão”, observa. Segundo ele, o objetivo é fazer com que os produtores tenham uma visão de que a produção orgânica de erva-mate, aliada ao plantio de araucária, pode ser um caminho sustentável e rentável.
Produção orgânica
Durante a oficina, os participantes foram divididos em dois grupos: um apontou e analisou as cadeias produtivas existentes na região e qual a importância de cada uma delas; o outro grupo debateu os recursos naturais disponíveis, bem como seus graus de importância. Na oportunidade, também foram apontados os gargalos das cadeias e sugeridas medidas para que as dificuldades sejam superadas.
Para Amaral, mesmo que o foco da região seja a erva-mate, não se pode esquecer do que está em volta, como a araucária e as matas nativas. “O trabalho da oficina é fazer com que os produtores reconheçam a importância dos recursos naturais e das cadeias produtivas. Tanto a erva-mate quanto a araucária, possuem influência cultural, como o consumo do pinhão, por exemplo, mesmo que menos expressiva do que o chimarrão, pelo fato de não estar disponível o ano todo, mas ela a madeira também tem sua importância”, aponta.
Amaral alerta para as propriedades medicinais que a erva-mate possui. “Sabemos que são mais de 150, porém se a planta recebe agrotóxico ela não é mais medicinal. E não podemos esquecer que produção orgânica era praticada no passado, então ela é cultural, além de contribuir economicamente e socialmente. Uma erva-mate orgânica pode ser usada como medicamento e fazer parte do Sistema Único de Saúde, com isso teríamos a diminuição na procura por serviços de saúde, já que as pessoas não consumiriam agrotóxicos, e sim uma planta natural, o que consequentemente irá gerar economia para os municípios. Ou seja, são uma série de fatores que são influenciados pela produção saudável”, ressalta.