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Inaugurada em 2012, unidade fabril da Dália tem capacidade para produzir 50 toneladas de leite em pó (Foto: Divulgação/Arquivo)

Rússia abre mercado para o leite em pó

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A habilitação de 11 empresas brasileiras para exportar leite em pó para a Rússia é vista com otimismo pelo setor de lácteos. A medida foi anunciada na última quarta-feira, dia 8, em Moscou, pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu.

Esta será a primeira vez que o país venderá o produto à Rússia. A Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) espera atingir, a médio prazo, metade do mercado russo, que importa 650 mil toneladas de leite em pó por ano – equivalente a US$ 1,2 bilhão.

Entre as possíveis empresas beneficiadas com o acordo, está a Dália Alimentos, de Encantado. Conforme o presidente do Conselho de Administração e do Instituto Gaúcho do Leite, Gilberto Antônio Piccinini, ainda é aguardada a divulgação da lista com os nomes das indústrias pelo Mapa. “Possivelmente a Dália será uma delas, mas não tem nada oficial ainda.”

Para ele, a abertura de novos mercados como o russo é uma situação importante, tendo em vista o RS ser a segunda maior bacia leiteira do país e precisar exportar 60% do leite por não ter consumo. “Reduz a oferta tanto aqui no estado como no Brasil, além de provocar uma melhora nos preços.”

A supervisora de Exportação da cooperativa, Márcia Daltoé, esteve na Rússia, em comitiva liderada pela BRU Importadora, entre os dias 24 e 31 de março deste ano. O objetivo foi buscar a habilitação da planta do Complexo Lácteo de Palmas, em Arroio do Meio, e projetar mercado para vendas futuras de produtos suínos. A fábrica foi inaugurada em junho de 2012 e tem capacidade diária para processar 450 mil litros de leite em 50 toneladas de leite em pó.

O diretor-executivo do IGL, Ardemio Heineck, cita como prioridade a expansão das vendas tanto no exterior como no mercado interno, cuja meta é crescer 20%. Nos últimos 12 anos, a oferta de matéria-prima aumentou em média 7% ao ano. Enquanto isso, o consumo registrou crescimento de apenas 2%. “A Rússia é um mercado complicado, concorrido, mas essencial para nós.”

Durante a missão empresarial, a exportação de tripas à Rússia também entrará no acordo de prelisting. Em contrapartida, o Ministério da Agricultura concluiu as análises para liberar a importação de pescado e de trigo da Rússia. Metade do trigo consumida no Brasil é comprada de outros países.

Antes da Rússia, a comitiva brasileira esteve no Japão, onde discutiu as exportações de carne bovina brasileira ao país asiático.

Apenas queijo e manteiga

De acordo com o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, que acompanha a missão empresarial, hoje o RS exporta queijo e manteiga para os russos, mas apenas em pequena quantidade. Para ele, a busca por novos mercados é essencial no momento em que o consumo doméstico é afetado pela crise econômica do país e seguidas fraudes do leite deflagradas pelo Ministério Público nos últimos meses.

Hoje, apenas uma unidade da Lactalis, comprada em 2014 da BRF, localizada em Teutônia, está autorizada a embarcar produtos lácteos à Rússia. “Acreditamos que a CCGL e a Dália recebem aval. Já ouve vistoria, a documentação está em dia e agora só depende dos russos.”

Potencial do RS

De acordo com o sindicato, o RS produz 4,8 bilhões de litros de leite ao ano. A cadeia láctea responde por 2,6% do PIB, representando R$ 8 bilhões.

Nos primeiros cinco meses, entraram 52 milhões de quilos (ou 557 milhões/litros) de produtos lácteos vindos do exterior para concorrer com a produção nacional. Esse volume corresponde a 33 dias de produção do Rio Grande do Sul.

Com produção diária de um milhão de litros, o Vale do Taquari é a terceira maior bacia leiteira do estado. De acordo com dados do IBGE de 2001 a 2010, a produção de leite cresceu 82%.

Para saber

O Brasil exporta apenas 1% da produção, que em 2014 foi de 37 bilhões de litros. A oferta de matéria-prima cresce 5% por ano, enquanto o consumo avança 3%. A Rússia importa 650 mil toneladas de leite em pó de outros países, o equivalente a U$$ 1,2 bilhão. Além das 11 plantas autorizadas, outras 11 aguardam pela liberação.

Conforme dados do Mapa, no país há 5,1 milhões de propriedades. Dessas 1,2 milhão produzem leite e 800 mil comercializam o produto.

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