A propriedade rural de Werno (75) e Irga Schröer (76) tornou-se agronegócio familiar em 1978. A filha, Eliane (47), tão logo pôde, passou a ajudar os pais na lida do campo. Quando casou, convidou o marido a agregar mão de obra à propriedade. Do casamento entre Eliane e Fernando Horst (49), nasceu Vinicius Horst (21). Tal qual a mãe, o filho acompanhou desde cedo a rotina da propriedade.
Localizada em Linha Berlim, interior de Westfália, a propriedade de 17 hectares é espaço para a família desenvolver a produção de leite, suínos e aves. Fernando e Eliane são os principais responsáveis pela gestão e funcionamento da propriedade atualmente. Entretanto, Vinicius já tem voz na tomada de decisões.
O jovem é o primeiro da família a buscar especialização na área. Técnico em Agropecuária, Vinicius conta que, mesmo com experiência nos processos, o curso agregou conhecimento teórico ao prático. A partir da formação, a família enxergou a necessidade de investir em uma área específica do agronegócio.
“Temos três atividades bastante diversificadas. Decidimos direcionar para a avicultura”, comentam. Atualmente, são dois aviários em funcionamento e a família investe na construção do terceiro. Para Fernando, um incentivador para a permanência no campo é, justamente, a existência da estrutura criada pelos avós e continuada por ele e sua esposa.
“Ele ajuda no aviário, na estrebaria, no chiqueiro. Em tudo”, orgulha-se a avó. Mesmo com toda dedicação exigida pelo trabalho no campo, Vinicius nunca se sentiu atraído por rotinas com horários fixos, como a de empregos na área urbana. “Eu gosto. Faço por prazer. Então não é tão judiado”, destaca.
Pesquisa
O fator decisório que fez Vinicius seguir o agronegócio familiar, é o mesmo para a maioria dos jovens sucessores, de acordo com uma análise realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agronegócios da Universidade Federal de Santa Maria. Foram 60 entrevistados com idades entre 18 e 30 anos, nos municípios de Teutônia, Westfália, Colinas, Estrela, Maratá, Poços das Antas, Paverama e Imigrante.
A pesquisa constatou que a vontade e o gosto pela atividade agrícola motivaram 80% dos jovens a permanecerem no meio rural; ter apenas um filho na família foi motivação para 21,67% dos jovens; e a busca por estudos e especialização na área foi destacada por 18,33% dos produtores.
Mais de 80% dos entrevistados sentem-se preparados para assumir a propriedade, enquanto 18,33%, não. A inserção nas atividades como forma de preparação foi elencada por quase 86% dos jovens; diálogo com os pais para 36,73% dos jovens; e cursos e capacitações para 18,37% dos jovens.
Os sucessores destacaram os programas e ações desenvolvidas pela Cooperativa Languiru, bem como apoio para implantação ou ampliação das estruturas nas propriedades. Ainda assim, constatou-se que fatores decisórios espontâneos, como os citados por Vinicius, pesam mais fortemente, assim como a autonomia e a preparação para a sucessão.
A pesquisa “Análise da Sucessão Geracional em Propriedades Rurais de Associados da Cooperativa Languiru” contou com o trabalho da equipe da UFSM: professores Adriano Lago e Rosani Marisa Spanevello; bolsista do projeto Mestre em Desenvolvimento Rural, Mariele Boscardin; mestrandas em Agronegócios, Camila Weber e Gabrieli dos Santos Amorim; bolsista do projeto e estudante de Administração, Vitória Benedetti de Toledo; e da bacharel em Administração, Paola Francine Brizola. Os resultados do levantamento foram apresentados à Languiru no mês de fevereiro.