As negociações para implementar viagens de trem no Vale do Taquari avançam. No início de março, o diretor-geral da Serra Verde Express, Adonai de Arruda Filho, confirmou visita aos municípios integrantes do projeto desenvolvido pela Associação dos Municípios de Turismo dos Vales (Amturvales).
Em novembro, uma comitiva de prefeitos e de integrantes da associação esteve no Paraná. Na ocasião, estabeleceram os próximos passos para formalização do projeto para retornar o passeio pela Ferrovia do Trigo.
Conforme o coordenador do fórum regional da Amturvales, Rafael Fontana, a vinda do empreendedor envolve uma vistoria técnica para apurar a possibilidade de implantar a atração. Após o primeiro contato, municípios e associação iniciaram a elaboração de um estudo sobre as condições da malha ferroviária. No documento, há informações sobre o percurso, o roteiro das visitas e a situação das estações.
De acordo com Fontana, com essas informações, o empreendedor analisará o modelo mais adequado para oferecer aos turistas. No trecho, há paradouros abandonados. Como no Bairro São José, em Estrela.
Segundo Fontana, após definirem os locais de paradas, os municípios devem se responsabilizar pela reforma das estações. Também há casos de estruturas sob responsabilidade da América Logística Latina (ALL) e do Dnit. “Buscamos os documentos para, depois, tentarmos autorização para o uso.”
Conforme a Turismóloga da Secretaria de Cultura e Turismo de Estrela, Ângela Simone de Castro, nesta semana, haverá uma reunião para determinar o local para começar as reformas. O município será o ponto de partida da atração.
Nos 63 quilômetros, os trilhos passam por montanhas, vales e túneis. Inclusive pelo viaduto de Vespasiano Corrêa, o maior da América Latina, com 509 metros de comprimento e 143 metros de altura.
O intuito da Serra Verde Express é oferecer o passeio a partir do próximo ano. Pala ideia inicial, as viagens ocorreriam uma vez por mês, com possibilidade de aumentar dependendo da demanda.
Definição de custo após as eleições
O uso da malha ferroviária depende de avaliação da ALL. Com a concessão para uso da estrutura, a empresa autorizou a exploração turística, mas ainda não determinou o preço do aluguel. De acordo com Ângela, após as eleições de outubro, a Serra Verde Express deve ser informada sobre o custo para exploração dos trilhos.
Após formalizado todo esse processo, se passa à liberação do passeio. A análise parte da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). A empresa oferece três passeios com locomotivas. O trem da Serra do Mar Paranaense parte todos os dias de Curitiba à cidade de Morretes. São 110 quilômetros passando pela maior área preservada da Mata Atlântica. Também há o trem das Montanhas Capixabas, que percorre um trecho de 46 quilômetros, entre a cidade de Viana e a capital Vitória. Por fim, também oferece passeio pelo Pantanal.
Histórico dos Passeios
Inaugurada pelo governador militar do presidente Ernesto Geisel em 1978, a Ferrovia do Trigo recebeu uma linha regular para passageiros entre Passo Fundo e Porto Alegre. Conhecido como trem húngaro, a primeira excursão ocorreu em 18 de março de 1979. Em seguida foi implantada a linha diária, com uma extensão de 289 quilômetros. A viagem durava cinco horas. A linha foi suspensa em 1982.
Diversos governos tentaram retomar o transporte de passageiros. Esbarraram na falta de interesse do setor privado. Projetos para conseguir parceiros empresariais para viabilizar o negócio se sucedem desde meados do ano 2000.
O ex-prefeito de Colinas, Edelbert Jasper, em 2005, elaborou projeto para retomada do transporte de passageiros. Na época, a ALL emitiu parecer favorável sobre a proposta. Em seguida, iniciou a busca por uma empresa para explorar a atração.
Em 2008, a ANTT aprovou a proposta. O Dnit doou seis vagões. Uma empresa de Porto Alegre ficou responsável pela reforma, avaliada em R$ 2 milhões. O chamado Trem Turístico dos Vales e Montanhas da Serra Gaúcha foi anunciado para começar em 2009. No entanto, um dos empresários responsável pela atração morreu e a iniciativa foi cancelada.