As principais lideranças e entidades do Vale do Taquari entregaram um documento ao secretário de Parcerias e Concessões do RS, Pedro Capeluppi, manifestando preocupações e apresentando sugestões em relação ao projeto de concessão de rodovias estaduais do Bloco 2. O conjunto de estradas, que abrange a região de Venâncio Aires a Erechim, é considerado estratégico para o desenvolvimento do Estado devido às suas características econômicas e produtivas.
Entre os pontos destacados no ofício, as entidades solicitaram o adiamento das audiências públicas por 120 dias para que o projeto seja analisado de forma mais detalhada pelas comissões municipais. Segundo os signatários, o prazo atual inviabiliza uma análise técnica aprofundada, o que pode comprometer a qualidade do plano.
Outra preocupação é o custo elevado das tarifas de pedágio. Estudos preliminares indicam que, com as duplicações previstas, os valores poderão aumentar em 30%, o que impactará negativamente a competitividade econômica da região. Comparações com concessões realizadas em outros estados, como Paraná e Minas Gerais, mostram tarifas até 50% menores.
O documento também questiona os valores de tráfego médio diário (VDM) utilizados no projeto, considerados irreais pela análise regional. De acordo com os líderes locais, os dados atuais não refletem o volume real de veículos, especialmente em pontos estratégicos como a RS-130, cuja movimentação foi prejudicada por problemas de infraestrutura e eventos climáticos recentes.
Além disso, as entidades pedem que o Governo Estadual isente os pedágios de tributação e aumente os recursos do Fundo de Reconstrução (FUNRIGS), dobrando o montante previsto para a duplicação de rodovias. A proposta é justificada pelas crises climáticas que afetaram severamente o Vale do Taquari em 2023 e 2024, causando prejuízos logísticos e econômicos na região.
Também foi sugerida a inclusão de mecanismos inovadores, como programas de fidelização com descontos proporcionais ao uso das rodovias, e a revisão periódica das condições do contrato a cada cinco anos, visando um reequilíbrio econômico e financeiro justo.
As lideranças reforçam a importância de que o Conselho de Usuários tenha um papel ativo na fiscalização e no acompanhamento do projeto, garantindo que os interesses das comunidades e da economia local sejam respeitados.
O ofício foi assinado por diversas entidades representativas, entre elas a CIC Vale do Taquari, o CODEVAT, a AMAT, AMVAT, AVAT, AMTURVALES e a FETRANSUL e SETCERGS, consolidando o apoio regional em defesa de um modelo de concessão justo e alinhado às necessidades do Vale do Taquari e de todo o Rio Grande do Sul.
O coordenador do grupo técnico, Adelar Steffler, vice-presidente da CIC VT, destacou o diálogo aberto com o secretário Pedro Capeluppi como um avanço significativo:
“Foi mais um ponto positivo. Temos espaço e tempo para discutir, analisar com a comunidade, prefeitos e lideranças. Há um prazo de 90 dias até que o governo organize e finalize o projeto. A principal vantagem é que o secretário está sempre disposto a dialogar, e isso nos permite apresentar nossas demandas e discutir o que realmente precisamos para o Bloco 2,” afirmou Steffler.
Ele também ressaltou a diferença em relação a processos anteriores: “Nas outras vezes, ninguém sabia ao certo do que se tratavam os projetos ou como as obras seriam feitas. Agora, entregamos nossa documentação, detalhando as limitações e prioridades da região, com a certeza de que elas serão analisadas.”
A iniciativa busca garantir que o projeto de concessão traga melhorias reais para o Vale do Taquari e demais regiões abrangidas, promovendo desenvolvimento com tarifas justas e infraestrutura adequada.
Fotos: Elisangela Favaretto- jornalista
Legenda: O grupo reuniu empresários, entidades empresariais e associações.