O governo Russo acena com a possibilidade de comprar leite em pó produzido pela Cosuel em Arroio do Meio. A habilitação por parte do Ministério da Agricultura (Mapa) do Brasil ocorreu no fim de fevereiro. No entanto a cooperativa aguarda o envio da documentação ao país euro-asiático para conseguir vender.
O governo russo exige rastreabilidade de todo o rebanho usado na produção, além do controle de resíduos dos medicamentos aplicados nos animais. O Ministério da Agricultura daquele país delegou as vistorias para o cumprimento das normas aos técnicos do Mapa.
No dia 20, a supervisora de exportações da Cosuel, Márcia Daltoé, viajou à Rússia, com uma comissão de empresários brasileiros. Entre as negociações, está a exportação do leite em pó e de outros produtos, como embutidos e carne suína.
O presidente da cooperativa, Gilberto Piccinini, adota uma postura cautelosa. “Aguardamos a confirmação. Ainda é cedo para expormos o que isso representará aos negócios.” A Rússia tem uma demanda de pelo menos 30 mil toneladas de leite em pó.
Impasse atrasa negociações
Integrantes do Mapa em Brasília informaram a Cosuel que a correspondência ao governo russo, confirmando a habilitação para a venda externa, não é necessária. Por outro lado, a Rússia diz ser imprescindível o comunicado brasileiro.
“Estamos conversando com autoridades do nosso país e mostrando o que está acontecendo”, conta o presidente-executivo da Cosuel, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas. Segundo ele, esse impasse atrasa o fechamento de negócios com clientes russos. “Estamos com a planta pronta, com necessidade de exportar, mas só podemos vender quando houver o comunicado do Mapa.”
Por outro lado, integrantes do Ministério informaram o Instituto Gaúcho do Leite que a habilitação para vendas é eletrônica, não sendo necessária a comunicação formal, pois a Cooperativa já estaria no cadastro internacional de exportadores.
Além da Cosuel, a CCGL, de Cruz Alta, tem habilitação para exportar. O presidente da indústria, Caio Vianna, em entrevista ao jornal Correio do Povo, afirmou que a documentação está em Moscou. Outra empresa do Vale habilitada para exportar ao mercado russo, a BRF, de Teutônia, enfrenta dificuldade de conseguir concretizar os negócios. A fábrica pode vender leite em pó, manteiga e leite condensado, mas frente às exigências, nunca embarcou os produtos.
Impulso para a indústria
Conforme o diretor-executivo do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Ardêmio Heineck, a abertura do mercado russo é essencial para a cadeia produtiva do Estado. No início de fevereiro, a entidade organizou uma comitiva gaúcha para cobrar do governo agilidade nas vistorias e dar andamento aos processos de exportação para o país.
Para Heineck, o novo mercado ajudará a equilibrar a oferta interna de leite em pó. “Esse será um grande teste. O Brasil nunca atuou de forma marcante no mercado internacional de lácteos.” Para ele, a Rússia é um país com histórico em compra internacionais de alimentos. “Se abre uma possibilidade de negócios diretos. Para a cadeia gaúcha, sem dúvida, valorizará o nosso leite.” Hoje, o excedente de leite em pó no Estado fica em torno de dez mil toneladas.