Porto Alegre, 9 de novembro de 2016 – “Donald Trump se elegeu com um discurso que defendia uma agenda de maior protecionismo comercial. Resta saber se o discurso de campanha será levado em frente ou se foi apenas uma manobra eleitoral”, comenta o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, ao analisar, nesta quarta-feira (9) o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos. Segundo Müller, os efeitos de longo prazo dependerão do próprio comportamento de Trump na presidência, mas em um primeiro momento os principais países afetados por este protecionismo seriam China e México, importantes parceiros americanos. Durante a campanha, Trump destacou que pretendia rever tarifas e acordos com os chineses. Já os mexicanos têm sua economia muito dependente do país vizinho. Entretanto, o industrial acredita que o novo presidente dos EUA se mostrará bem mais aberto ao diálogo com as nações, pois a habilidade de negociação é uma de suas características, como empresário de sucesso.
De acordo com o presidente da FIERGS, no curto prazo a eleição de Trump deverá provocar algum abalo temporário no mercado financeiro, com um período de volatilidade, flutuações mais expressivas nas cotações dos ativos financeiros e das taxas de câmbio. “Entretanto, a incerteza deverá naturalmente se reduzir nos próximos dias. Assim como ocorreu durante o Brexit (o plebiscito que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia), o mercado precisa de tempo para acomodar a nova informação e isso gera certa instabilidade”, diz Müller, acreditando que o resultado não muda a perspectiva de aumento na taxa de juros pelo Banco Central americano, o FED, no início de dezembro, assim como a subsequente pressão para a valorização da moeda americana.
No ano passado, o saldo comercial do Brasil com os Estados Unidos terminou negativo em US$ 2,4 bilhões. Foram US$ 24,1 bilhões em exportações e US$ 26,5 bilhões em importações. Em relação ao Rio Grande do Sul, o Estado teve um saldo positivo de US$ 227,4 milhões (US$ 1,19 bilhão em vendas e US$ 962,4 milhões em compras). Os setores gaúchos que mais tiveram participação nas exportações para os EUA foram Produtos químicos (17,6%), Tabaco (14,7%) e Couro e calçados (13,1%).