Levantamento apontou uma produção anual na região de mais de um milhão de toneladas de alimentos e bebidas.
O Workshop Futuro dos Alimentos no Vale do Taquari, promovido pelo Sebrae no auditório do Sesc Lajeado, nesta segunda-feira (24) apresentou dois importantes estudos realizados para a região; uma pesquisa inédita sobre o perfil do Vale dos Alimentos, a metodologia Foresight, específica para os setores de Alimentos e Bebidas do Vale, realizado pelo renomado consultor italiano Emílio Beltrami, além do especialista de A&B do Sebrae, Roger Klafke, sobre as oportunidades para o mercado de A&B e Foodtechs.
Durante o evento o Sebrae anunciou a nova parceria com o Arranjo Produtivo Local de Alimentos e Bebidas VT. O projeto é baseado em cases da Espanha e da Inglaterra, prevê o fortalecimento da governança, mobilização das lideranças e o movimento integrado de indicadores e iniciativas. A gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas e Empresas, Liane Klein, explicou que o planejamento inclui a realização do Foodtech Summit, para trazer cases internacionais e nacionais, HUBs de inovação de A&B e empresas de Foodtech como forma de disseminar os conceitos e aproximar as startups das empresas tradicionais. “A diretoria do Sebrae RS entendeu que esse projeto piloto pode ser rodado no APL Alimentos e Bebidas do Vale do Taquari por todo histórico, desde sua constituição, em função do acompanhamento que o Sebrae tem realizado no desenvolvimento do arranjo, a adesão das empresas e a mobilização de voluntários para auxiliar na governança. Nós vimos que esse seria o setor e a região onde poderíamos desenvolver uma das metodologias que conhecemos nas visitas que fizemos na União Europeia.”
A coordenadora do APL, Aline Eggers Bagatini, instigou a maior participação dos empresários da região no APL. “ O Vale é muito forte em indústrias de alimentos, administradas na sua maioria por jovens empreendedores, que produzem produtos de muita qualidade e que podem contribuir na construção de uma região cada vez melhor e diferenciada.”
A Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari é a entidade gestora do APL.
“ Indústria de alimentos e bebidas no Brasil”
Logo na abertura do evento, a Analista de Relacionamento do Sebrae, Soraia Gerhardt apresentou todo um panorama da indústria brasileira de alimentos, sendo que 58% do que é produzido no campo é processado pela indústria, de acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). A indústria é também a maior geradora de empregos. São 38 mil empresas que geram 1,8 milhão de empregos diretos e formais.
Gerhardt explicou que 72% da produção é para abastecer o mercado interno. O Brasil exporta para 190 países, com os seguintes destaques; é 1º produtor e exportador mundial de suco de laranja e de açúcar. O país é o 2º maior exportador de alimentos industrializados em volume e o 5º em valor. Os principais mercados são Ásia, União Europeia e Países Árabes. Soraia frisou ainda que o país é o maior exportador de carne bovina e de aves, 3º maior produtor de frutas do mundo, entre outros itens.
Vale dos Alimentos
A pesquisa inédita no Vale do Taquari, solicitada pelo Sebrae RS, regional Vales do Taquari e do Rio pardo, foi realizada entre março e abril de 2023, com o objetivo de traçar o perfil das empresas de A&B da região, bem como mapear as principais características do setor. O pesquisador e consultor do Sebrae, Jankel Dal Osto, apresentou os dados da pesquisa quantitativa realizada com 161 empresas do setor, sendo 90% da indústria.
A maior concentração das empresas está em Lajeado, com 23% do percentual. O levantamento apontou que 93% são micro e pequenas empresas. A maioria tem faturamento de até R$500 mil por ano. Um dado que chamou a atenção do pesquisador é que 45% estão no mercado há mais de 10 anos, são empresas consolidadas e que têm entre três (3) e cinco (5) funcionários.
Juntas as empresas beneficiam mais de um milhão de toneladas de alimentos e bebidas por ano. Na pesquisa foram identificados 21 segmentos, a liderança ficou com as empresas de panificação e confeitaria. A região tem características específicas, com uma ampla diversidade de produtos. “ O Vale do Taquari tem uma produção diversificada. Dentre as 161 empresas foram encontrados 87 produtos diferentes, desde erva-mate, linguiça, biscoito, massas, conserva de pepino, vinho, ressaltou o consultor.
Para 87% das empresas é a qualidade da matéria-prima que mais influência na escolha do fornecedor. Outro dado relevante é que 85% são empresas familiares. O relatório expôs ainda as principais dificuldades dos dois setores que são a mão de obra, compradores para os produtos (mercado) e capital de giro. Os dados apontaram a necessidade de inovação, pois a maior parte dos produtos são coloniais, apenas 17% são inovadores.
Plano de Mercado setor de Alimentos – abordagem tecnologia Foresight
O consultor italiano Emilio Beltrami detalhou os resultados da aplicação da Metodologia Foresight nos municípios do Vale do Taquari, especificamente no Setor de Alimentos, evidenciando as características e especificidades das instituições envolvidas, no que se refere a prestação de serviços qualificados, capacidade de absorção de tecnologias e planos de atuação no mercado.
Ele apresentou as três etapas do projeto; o cenário tecnológico, a definição de investimentos e os temas estratégicos e por fim, o plano de mercado. “A região precisa entender que tem que ter muita força de transformação, inovação, para colocar um produto de alta qualidade, de valor agregado e com um preço melhor. Precisamos saber para onde estamos indo, qual será a minha atividade futura ”
Foodtech – Oportunidades para o mercado de alimentos e bebidas
O especialista de A&B do Sebrae, Roger Klafke apresentou as oportunidades para o mercado de A&B e Foodtechs e uma projeção para os próximos anos. A população mundial em 2050 deve chegar a 9,8 bilhões de pessoas. Hoje o mundo desperdiça 931 milhões de toneladas de alimentos. 80% dessa perda está concentrada no manuseio e transporte e nas centrais de abastecimento. Klafke alertou que os consumidores mudaram a forma como comem, 38% levam em conta e são a favor de produtos locais e sazonais e 37% por razões ambientais e éticas.